UFPEL - Texto Criativo
Olá,
A proposta recebida na aula de texto criativo foi a seguinte: Escolha uma foto que tenha um significado importante para você, esteja você na foto ou não.
Pois, escolhi a imagem e criei o texto abaixo...
Uma salgada memória.
Quando crianças não
pensamos no por vir, vivemos intensamente o presente, nele acordamos todos os
dias e é nele que desejamos ficar pra sempre. Nesta fase conhecemos
apenas o mal retratado nos vilões dos desenhos e o medo mais próximo que
sentimos é quando a luz do quarto se apaga. Medo do escuro, porque na penumbra
reside o desconhecido e a nossa imaginação gosta de nos pregar peças.
No dia em que ouvi
o som mais alto de toda minha vida, não senti medo, não tive tempo de
experimentar tal sentimento, o zumbido que subitamente invadiu
minha cabeça abafou os gritos do meu pai: - Vamos! Vamos! Precisamos sair
daqui! Notei que Meu irmão mais novo estava chorando e seu o rosto estava
branco, o branco de uma fina poeira que enfeitava sua face, e foi nesse momento
que percebi que minha casa, agora tinha o teto cheio de estrelas.
Naquela noite corri
corri corri, sem parar, mas não corri sozinho, corri com minha família, corri
com meus amigos, corri com gente que eu nem conhecia... corremos todos...
Subi em um pequeno
bote, com muitas pessoas, pessoas conhecidas e pessoas estranhas, e
elas choram, meu irmão também chora... minha mãe chora porque meu pai ficou, na
praia, nos olhando partir. Nos lançamos ao mar, senti a água fria bater na
canela. Minha mãe nos abraça e eu ainda não entendo porque todos choram, o
zumbido ainda teima em me acompanhar.
A costa vai ficando
menor e agora de longe vejo o que nos acordou, grandes pássaros de metal jogam
ovos em cima de nossas casas, eles explodem, eles machucam. Fico confuso,
pois, antes estes mesmos pássaros de metal jogavam comida para as pessoas da
minha comunidade e Meu pai dizia que esses pássaros que vinham do ocidente eram
guardiões da terra, defensores da paz e da ordem. Porém, mais tarde descobri
que estes mesmos pássaros haviam sobrevoado um pequeno país asiático no
passado.
Estamos no mar,
experimento uma dor que eu ainda não havia sentido, não é no corpo, não é na
pele, não é um arranhão, é uma dor que me desalenta por dentro. Meu
coração dói, lagrimas com sabor de mar caem dos meus olhos, meu irmão
caiu enquanto nosso bote tentava vencer uma onda enorme, minha mãe tentou
segurá-lo, mas em suas mãos restou apenas o casaco, Dói em mim porque eu
fiquei, quisera eu que não tivesse ficado, não assim, não sem ele. Abraço minha
mãe forte, no casaco do meu irmão descubro uma foto, foi isso que ele pegou da
gaveta antes de sairmos correndo de casa.
Quando criança não
pensamos no por vir, vivemos intensamente o presente , nele que acordamos
todos os dias e é nele que desejamos ficar pra sempre, gostaria de eternizar
aquele momento em que tiramos aquela foto, e viver intensamente com meu querido
irmão.
Comentários
Postar um comentário