O tempo está passando mais rápido?


12/abr/2004] Ressonância de Schumann: Quando o holismo se tornou reducionista

1. Ressonâncias de Boff
Recebi há alguns dias um texto de Leonardo Boff a respeito de uma tal de Ressonância de Schumann. O texto fora publicado originalmente no Jornal do Brasil, em 05/mar/2004. Confesso que até então nunca havia ouvido nada sobre esta tal ressonância, mas Boff a apresentava como uma daquelas panacéias magníficas capaz de explicar os mais variados fenômenos naturais e sociais. O suficiente para despertar a minha curiosidade.
Em seu parágrafo mais contundente, Boff afirma:
"Por milhares de anos as batidas do coração da Terra tinham essa freqüência de pulsações e a vida se desenrolava em relativo equilíbrio ecológico. Ocorre que a partir dos anos 80 e de forma mais acentuada a partir dos anos 90 a freqüência passou de 7,83 para 11 e para 13 hertz por segundo. O coração da Terra disparou. Coincidentemente desequilíbrios ecológicos se fizeram sentir: perturbações climáticas, maior atividade dos vulcões, crescimento de tensões e conflitos no mundo e aumento geral de comportamentos desviantes nas pessoas, entre outros. Devido a aceleração geral, a jornada de 24 horas, na verdade, é somente de 16 horas. Portanto, a percepção de que tudo está passando rápido demais não é ilusória, mas teria base real neste transtorno da ressonância Schumann."
O leitor cético já percebe de imediato que há coisa demais neste caminhão e vale a pena tentar descobrir um pouco mais sobre o assunto.
Uma pesquisa por "ressonância de Schumann" ou "Schumann resonance" noGoogle, revela centenas de endereços em português e, claro, dezenas de milhares de outros em inglês. A maior parte das páginas que visitei reforçam a idéia de Boff de que as alterações na tal Ressonância é a responsável pelas dissonâncias em nosso mundo. Encontrei explicações sobre tudo, das mudanças climáticas globais aos atentados terroristas. Descobri até que por módicos 249,95 dólares, pode-se comprar um simulador de ressonância de Schumann para toda a casa, ou um para carregar no bolso ($ 169,99). Curiosamente, entre as páginas em português, boa parte delas apenas comentava o artigo de Boff.
Repita a pesquisa no Scirus (www.scirus.com), que é uma ferramenta de busca mais restrita às páginas de instituições científicas, e ainda encontramos duas mil respostas. Mas agora o foco muda. A maior parte das páginas parece discutir questões geofísicas do planeta. 
Então, vamos olhar no Web of Science. Para usar esta ferramenta é necessário estar conectado a partir de uma instituição que assine o serviço. O Web of Science retorna somente artigos publicados em revistas científicas indexadas. Agora temos apenas 47 respostas. Destas, apenas duas mencionam alguma correlação entre a ressonância de Schumann e o ser humano, referindo-se a dois artigos do cientista ambiental Neil Cherry em obscuras revistas.
O fato de haver tão poucas referências qualificadas a respeito da suposta influência da ressonância de Schumann sobre os seres humanso, também é uma boa indicação de há algo errado.
Fonte: http://mbarbatti.sites.uol.com.br/def/p60.htm

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