No vale das sombras




Habitantes da noite rastejam pelos bueiros...
Meus passos ecoam pela rua...
Olhos estranhos observam-me curiosos...
Nada me faz parar...
Continuo traçando o caminho que poucos ousariam seguir...
Espere! Vejo mãos estendendo-se a minha frente...
Talvez se conseguir alcança-las, eu ficarei mais próximo do meu destino...
Olhos mortos estão em minha volta, irrequietos, previsíveis...
Sinto cheiro de fumaça no ar, é mais forte do que meu corpo, mas meu espírito ainda nutre esperanças...
Eu resisto...
A força de vontade advém das orações da minha família, dos parentes e dos verdadeiros amigos...
Ouço o som das correntes desprendendo-se do meu corpo...
Sinto um ar de liberdade, este sentimento intenso enche meu espírito de esperança...
Mas os zumbis estão em minha volta, escondidos na penumbra. Vejo a fumaça expelida por suas faces sem vidas...
Contínuo andando em direção oposta a eles...
Curiosos, eles acompanham meus passos, certos de meu fracasso, cientes do caminho íngreme que percorro...
         ...Para longe do vício.


Anderson Rodrigues
alor1313@r7.com



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